Havia uma polémica pouco intensa sobre aprender línguas
estrangeiras.
A posição clássica, maioritária e obviamente sensata, era a
de que aprender línguas, pelo menos a língua franca corrente que é o inglês,
era muito importante de um modo geral, indispensável num mundo conectado e imprescindível
no mundo (a)nacional da ciência.
A posição vanguardista, minoritária e obviamente louca era
a de que muito rapidamente se tornaria desnecessário aprender língua(s)
estrangeira(s), porque a
tradução simultânea iria ficar ao alcance imediato das pessoas. De todas,
enfim, de quase todas, as pessoas.
Para o desenvolvimento da tradução em massa global
contribuiram principalmente a Google, pela iniciativa aliada à dimensão e a
colaboração coletiva (crowdsoursing) que a internet torna possível escalar até
ao infinito.
A Google pediu-nos, a todos os milhões que pelo mundo
inteiro usamos o motor de busca, que o ensinássemos a escrever e depois a falar
em várias línguas, potencialmente em todas as línguas. O bebé Google,
especialmente dotado, teve a humanidade como professor.
A colaboração coletiva sempre existiu e a internet
difundida através de dispositivos móveis, mas também de dispositivos
imobilizados, aboliu a distância física, criando a proximidade que é pressuposto dessa colaboração,
tornando-a possível a um nível global.
A velocidade a que tudo acontece neste século XXI deve-se,
em muito, à disponibilidade do conhecimento que permite que se trabalhe sobre e
a par do que outros estão a fazer, progredindo mais e também mais depressa.
A possibilidade de nos entendermos, em qualquer língua,
será certamente mais um passo para a aceleração.
A ver se nós, simplesmente humanos, aguentamos a pressão.
Ou, numa perspetiva mais otimista que se justifica olhando para tudo aquilo de que a humanidade tem sido capaz, vamos ver como nós, humanos, aguentamos a pressão. Provavelmente deixando de ser “simplesmente humanos”.
Ou, numa perspetiva mais otimista que se justifica olhando para tudo aquilo de que a humanidade tem sido capaz, vamos ver como nós, humanos, aguentamos a pressão. Provavelmente deixando de ser “simplesmente humanos”.